Os efeitos dos arrendamentos turísticos nas grandes cidades / Gtres
Os efeitos dos arrendamentos turísticos nas grandes cidades / Gtres

Os arrendamentos de curta duração asfixiam o mercado de arrendamento residencial de longa duração? O problema, que surgiu com o recente aparecimento das plataformas de arrendamento para férias, não é apenas italiano, mas sim comum a toda a Europa do Sul.

Preços dos apartamentos para arrendar a curto prazo

A injustiça do arrendamento de curta duração - limitado a um período inferior a um ano e destinado a férias ou estudos mas não a uma residência permanente - deriva, por um lado, da redução da oferta disponível de habitação, perturbando o tecido social e cultural das cidades e, por outro lado, da elevada subida dos preços das rendas. No entanto, os proprietários de apartamentos particulares que viram uma oportunidade de negócio neste setor (100 milhões de doláres em todo o mundo só no ano passado, de acordo com a Airbnb relatada pelo Financial Times), responderam a uma demanda objetiva dos turistas e podem agora celebrar o éxito deste tipo de oferta.

Estas são algumas das cidades afetadas por este fenómeno, segundo o jornal britânico:

Arrendamento temporário em Florença - residentes à procura nos subúrbios

Em Florença, um em cada cinco apartamentos é agora usado para arrendamento a curto prazo: de acordo com uma investigação da Universidade de Siena, este valor corresponde a um crescimento de 60%, a partir de 2015. Florença tem a maior concentração de arrendamentos de curta duração: em Roma e Veneza corresponde a 12%. O lado positivo é o incentivo investidores que querem comprar, já que vêem nos arrendamentos turísticos florentinos uma boa perspetiva de rentabilidade ao longo do ano. Mas, tudo isso provoca o êxodo dos florentinos para os subúrbios: existem milhares de moradores por ano, que deixam o centro da cidade, despejados pelos proprietários e em busca de soluções mais baratas.

Arrendamento de longa duração em Lisboa - a Lei das Rendas

Na capital portuguesa, as plataformas de arrendamento de curta duração espalharam-se rapidamente e sem controlo governamental. Após a crise, os preços dos imóveis caíram mais de 20% por metro quadrado (entre 2008 e 2013), enquanto que o desemprego aumentou 17,5% só em 2013.

Tudo isto, juntamente com um aumento de dois dígitos do turismo na cidade, que se tornou um destino económico tão fascinante como era para muitos na altura da crise, conduziu à proliferação de arrendamentos de curta duração por parte de indivíduos que procuravam um rendimento alternativo através dos seus imóveis.

Além disso, desde 2012, a reforma da lei de arrendamento permite que os proprietários rescindam contratos de arrendamento de longa duração a seu critério, para substituí-los por arrendamentos curtos, o que levou a uma queda de 70% da disponibilidade de habitação de longa duração em cinco anos, forçando os moradores a procurar casas nos subúrbios para abrir espaço para os turistas no centro. Desta forma: as casas retomaram a tendência ascendente dos preços: +12% no ano passado, de acordo com a Cushman & Wakefield. Hoje em dia, em Lisboa, um apartamento pode custar até 7.700 euros por metro quadrado nas áreas centrais.

Arrendamento de curta duração em Barcelona - protestos

Na cidade catalã, já decorrem protestos contra o aumento dos preços provocado pelos arrendamentos de curta duração (e também contra a incivilidade dos hóspedes), temendo também um esvaziamento do tecido humano e cultural da cidade.